
Cerimônia de abertura, com a Comitiva Hui Dewe Keneya, povo Huni Kui.
Realizado na Universidade Federal do Acre, o 39° Encontro Nacional da Anpoll tornou-se um marco para a Área de Linguística e Literatura ao deslocar geograficamente e simbolicamente o eixo dos grandes eventos acadêmicos e inscrevê-lo na Amazônia Sul-Ocidental.
Ao reunir centenas de pesquisadoras e pesquisadores, grupos de trabalho e ações culturais, o evento não apenas fortaleceu redes já existentes, mas também gerou novas alianças interinstitucionais, conectando programas de pós-graduação e aproximando possibilidades de pesquisas.
Para o Prof. Dr. Gerson Albuquerque, coordenador geral do evento, o 39º Enanpoll possibilitou a criação de espaço para agendas plurais, como políticas linguísticas, saberes indígenas, formação docente e perspectivas metodológicas transfronteiriças. A programação reposicionou as Amazônias como espaços-tempos de produção de conhecimentos e saberes e não apenas como “campo” de investigação, colocando em evidência o potencial intelectual que nasce de suas linguagens, literaturas, memórias, vivências e patrimônios materiais e imateriais.
“Nós tivemos 1.152 participantes inscritos oriundos de todas as regiões e estados brasileiros. Isso demonstra que a comunidade acadêmica da área atendeu ao chamado para reunir-se no Acre e fazer deste encontro dias intensos de trocas e diálogo na construção e consolidação de políticas para a pós-graduação que sejam mais sensíveis e diversas em um país de dimensões continentais”, comentou Albuquerque.

Luiza Helena Oliveira da Silva (UFNT), Solange Fiuza Cardoso Yokozawa (UFG), José Sueli Magalhães (UFU), Gerson R. Albuquerque (UFAC)
A pesquisadora Dircel Kailer (UEL), que compõe o Conselho Deliberativo da Anpoll, enfatizou o acolhimento, os debates, além dos sabores da culinária local.
“A presidência da ANPOLL proporcionou aos seus associados, vindos de diversas regiões, um encontro inesquecível na bela Universidade Federal do Acre. Fomos acolhidos pela força e pela beleza das vozes indígenas, que cantaram, tocaram e nos emocionaram. Em todos os momentos, sentimos o cuidado e o carinho dos organizadores, de suas dedicadas equipes e da reitora, que fizeram com que nos sentíssemos parte da comunidade acreana. Tivemos ainda a alegria de experimentar a culinária local, com o saboroso quibe de arroz, moqueca de filhote, tambaqui assado e a tradicional baixaria, que tornaram a experiência ainda mais memorável. Com uma programação atenta às demandas socioculturais mais urgentes de nossa área, os debates se mostraram ricos, plurais e profundamente significativos. Deixo o Acre com o desejo de retornar em breve, para conhecer ainda mais suas tradições, sabores, músicas e a calorosa hospitalidade de seu povo”, finalizou Dircel.
O também membro do Conselho Deliberativo, Frederico Garcia Fernandes (UEL), e membro do Grupo de Trabalho do Ética na Pesquisa e a Integridade Científica do Fórum de Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Linguística, Letras e Artes (FCHSSALLA), pontuou a estreia da região Norte como sede da Anpoll e como a integração entre povos originários e pesquisadores permite caminhar em direção à inovação nas práticas científicas:
“O 39º Enanpoll foi um marco para a área de Letras e Linguística. Além da estreia da região Norte como sede da Anpoll, este Encontro será lembrado pela integração entre povos originários e da floresta com pesquisadores das mais diferentes regiões brasileiras, o que sinaliza para práticas científicas inovadoras. A diretoria da Anpoll está de parabéns pela impecável organização do evento e pelo movimento de integração, necessário neste país”, afirmou Fernandes.
Já o Coordenador da Área de Linguística e Literatura na CAPES, Prof. Dr. José Magalhães, compreende que o 39º Enanpoll se consolidou como um evento memorável e um encontro histórico.
“Nestes tempos em que as interações se tornam cada vez mais efêmeras e bons sentimentos frequentemente se perdem na aridez e na superficialidade das redes virtuais, pouca coisa consegue firmar-se de modo duradouro na memória coletiva. No contrafluxo desta corrente, o Enanpoll Amazônia não apenas inscreveu-se na história, como também permanecerá na lembrança daqueles que participaram e contribuíram para a concretização deste evento ímpar. Assim, reafirmo meus cumprimentos aos organizadores e, valendo-me do nome do presidente e coordenador desta empreitada, Professor Gerson Albuquerque, expresso minha sincera gratidão a todos que tornaram o Enanpoll Amazônia um marco histórico” comentou Magalhães.

Encerramento do 39º Enanpoll. Coordenadores de equipe e monitores do evento.
O 39º Enanpoll buscou, assim, fazer do Acre um centro de enunciação e circulação de ideias, onde pesquisas são atravessadas por paisagens, línguas e memórias que desafiam modelos únicos de ciência e convocam metodologias sensíveis ao lugar, fazendo surgir novas colaborações de pesquisa, acompanhadas da ampliação de parcerias e de maior visibilidade para a produção acadêmica e a organização de eventos no Acre e no Norte como um todo.
Confira aqui as fotos do 39º Enanpoll: https://www.flickr.com/photos/203615342@N06/albums/
