Dossiê de 2026-2: Literatura e Voo – “Mito – Utopia – Realidade”
Organização:
Gerald Bär (Universidade Aberta/Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica)
Ana Margarida Abrantes (Universidade Católica Portuguesa/Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa)
Ana Costa-Lopes (Universidade Católica Portuguesa/Universidade de Lisboa/Universidade de Macau)
Data limite para submissão de artigos: 1º de novembro de 2025.
Proposta do dossiê: Desde a sua concretização numa impressionante encenação em 1783 (irmãos Montgolfier e P. de Rozier, a ascensão do primeiro homem num aeróstato) até à ainda mais mediática transmissão global dos primeiros passos na lua de Neil Armstrong em 20/07/1969, houve muitos testemunhos e registos de experiências de voo dignos de relembrar e reinterpretar. Já anteriormente a ideia do voo humano tinha inspirado obras literárias e de arte em várias culturas (Gilgamesh, Bíblia, etc.). A sua realização revelou grandes poderes imaginativos e capacidades técnicas, sempre acompanhados de projetos ambiciosos, prestigiosos e sobretudo perigosos. Os resultados justificaram as posições mais otimistas do Positivismo; nações e empresas entram em competição tecnológica sem olharem a custos (‘space race’). Por outro lado, as guerras ficaram mais mortíferas na era da aviação (cf. M. Paris, From the Wright Brothers to Top Gun: Aviation, nationalism and popular cinema, 1995).
O desenvolvimento tecnológico permitiu que o voo humano pudesse ser interpretado alegoricamente como a superação da ‘conditio humana’, ou seja, como a história da criativa imaginação humana, com as suas aspirações e desejos, que se tornaram realidade (cf. M. McLuhan, Understanding Media: The Extensions of Man, 1964).
O presente volume visa a comparação de conceitos de voo em estudos transdisciplinares, o uso metafórico do voo e ainda descrições de experiências em várias culturas e géneros literários. Os contributos podem adotar abordagens provenientes dos Estudos Literários, Artísticos e Culturais (por exemplo a análise de discursos, textos, quadros, fotografias e filmes) que ilustrem o desenvolvimento do tema do voo humano/aeronáutica. O tema permite estabelecer pontes entre vários ramos das ciências e da cultura: entre mito e tecnologia (física, matemática aplicada), entre utopia e realidade, entre literatura e arte (por. ex. Futurismo), entre nacionalismo e cosmopolização. Várias linhas de investigação convergem neste projeto transcultural e transdisciplinar.
Convida-se à submissão de artigos provenientes de áreas como:
- da mitologia (incl. contos e lendas populares)
- da história (história da aeronáutica e aviação militar)
- da tecnologia (Da Vinci, Bartolomeu de Gusmão, Faujas de Saint-Fond, Wright,
Blériot, Santos Dumont, Gago Coutinho, Sacadura Cabral, von Braun, etc.) - da literatura (utopias, sátiras, literatura de viagens, literatura tradicional, etc.)
do estudo dos media - de outras artes (pintura, música, fotografia, cinema, quadrinhos, etc.)
From its realisation in an impressive event in 1783, when the Montgolfier brothers and P. de Rozier successfully performed the ascent of the first man in a balloon, to the even more mediatic global broadcast of Neil Armstrong’s first steps on the moon on July 20, 1969, there have been many testimonies and records of flight experiences worth remembering and reinterpreting. The idea of human flight had already inspired works of literature and art in various cultures (Gilgamesh, the Bible, etc.). Its realisation revealed great imaginative powers and technical skills, always accompanied by ambitious, prestigious and above all dangerous projects. The results justified the optimistic views of Positivism; nations and companies entered into technological competition without looking at the costs (‘space race’). On the other hand, wars became more deadly in the age of aviation (cf. M. Paris, From the Wright Brothers to Top Gun: Aviation, nationalism and popular cinema, 1995).
The technological development made it possible that human flight became reality and could be interpreted allegorically as the overcoming of the ‘conditio humana’, i.e. as the story of the creative human imagination, with its aspirations and desires (cf. M.McLuhan, Understanding Media: The Extensions of Man, 1964). This volume aims to compare concepts of flight in transdisciplinary studies, the metaphorical use of flight and descriptions of experiences in various cultures and literary genres. Contributions may adopt approaches from Literary, Artistic and Cultural Studies (e.g. analysing speeches, texts, paintings, photographs and films) that illustrate the development of the theme of human flight / aeronautics. The topic allows bridges to be established between various branches of science and culture: between myth and technology (physics, applied mathematics), between utopia and reality, between literature and art (e.g. Futurism), between nationalism and cosmopolitanisation. Several lines of research converge in this transcultural and transdisciplinary project. We are looking forward to receiving submissions from areas such as:
- mythology (including folk tales and legends)
- history (history of aeronautics and military aviation)
- technology (Da Vinci, Bartolomeu de Gusmão, Faujas de Saint-Fond, Wright, Blériot,
Santos Dumont, Gago Coutinho, Sacadura Cabral, von Braun, etc.) - literature (utopias, satires, travel literature, traditional literature, etc.)
- media studies
- other arts (painting, music, photography, cinema, comics, etc.)
A Revista Terceira Margem é uma publicação quadrimestral (a partir de 2019) do Programa de Pós-graduação em Letras (Ciência da Literatura) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Divulga pesquisas nas áreas de Teoria Literária, Literatura Comparada e Poética, voltadas para literaturas de língua portuguesa e línguas estrangeiras, clássicas e modernas, contemplando suas relações com filosofia, história, artes visuais, artes dramáticas, cultura popular e ciências sociais. Também se propõe a publicar resenhas críticas, para avaliação de publicações recentes. Buscando sempre novos caminhos teóricos, Terceira margem segue fiel ao título rosiano, à inspiração de um pensamento interdisciplinar, híbrido, que assinale superações de dicotomias em busca de convivências plurívocas capazes de fazer diferença.
É exigido que o autor possua o doutorado completo para submeter artigos. Serão aceitos artigos de mestrandos e doutorandos, desde que em parceria com um doutor.