O Grupo de Trabalho Estudos em Aquisição da Linguagem oral e escrita com pesquisadores de diferentes Universidades e áreas –UFAL/UFBA/UFPB/UFPE/UFRGS/UNESP/UNICAMP/UNICAP/UNIFESP/USP/
IFPB/UEPB – ocupa um espaço relevante dos estudos aquisicionistas, a saber, o do diálogo entre diferentes áreas, perspectivas teóricas e Instituições na análise das produções infantis: orais ou escritas em contextos naturalísticos familiares; clínicos ou escolares, em contexto monolíngues e bi/multilíngues. Nesses estudos questões basilares se colocam, a saber: Como tratar as produções orais e/ou escritas infantis com suas indeterminações? Que relação tem os dizeres do outro com os enunciados tão singulares da criança? Que papel tem o gesto, o olhar, o corpo, o contexto nas produções da criança? Como se dá a entrada da criança na escrita?
Mesmo antes de nascer, os bebês já estão em contato com sua língua materna: ouvem a musicalidade da língua, de músicas, da linguagem dirigida a eles, contudo é somente após o nascimento que eles vão poder começar a falar/sinalizar. Sabe-se que, independentemente da(s) língua(s) que cerca(m) a criança em sua infância (português, francês, libras, chinês, etc.), se as famílias são mais ou menos preocupadas com aquilo que dizem, se são mais ou menos formais, mais ou menos escolarizadas, se a criança entra na língua mais interessada na musicalidade da língua ou na pronúncia correta das palavras e frases, todas as crianças, em todas as línguas do mundo, adquirem sua(s) língua(s) materna(s) muito rapidamente, sem instrução direta e com uma progressão similar durante os três primeiros anos de vida. Trata-se de um processo que já despertou o interesse de pesquisadores da Psicologia, da Neurolinguística, da Psicolinguística, Fonoaudiologia, da Educação e também da área de Aquisição da Linguagem – com a qual pretendemos contribuir neste GT – mas há muito ainda para se investigar e descobrir. O mistério é reforçado pela variabilidade das línguas, pela natureza das interações, pelos diferentes modos de entrada da criança na língua. A explicação está no elemento biológico ou sociocultural? Ou em ambos? Trata-se de uma questão fundamental na área que se dedica ao estudo da linguagem da criança (Aquisição da Linguagem). Diante disso, temas como a multimodalidade, o humor, o bilinguismo, a linguagem dirigida à criança, a argumentação, a escrita, entre outros, são alguns dos focos de interesse neste grupo.
No Brasil, a aquisição da linguagem se inicia a partir das teses de 04 pesquisadoras brasileiras:
De Lemos (1987 [1975]), com doutorado na Universidade de Edinburgh, orientada por Lyons; Scliar-Cabral (1977a, b, c), com doutorado na USP, orientada por Geraldina Witter e Albano (1975, então Motta Maia), mestre pela UFRJ, orientada por Heye e, posteriormente, doutorada pela Universidade de Brown. (SCLIAR-CABRAL, 2007, p. 115), e Teixeira (1980; 1985), com mestrado e doutorado na Universidade de London, orientada por Evelyn Abberton. Essas pesquisadoras pioneiras possibilitaram o desenvolvimento das principais pesquisas em Aquisição da Linguagem no Brasil.
Posteriormente, sob influência da vinda de casal Yavas à PUCRS – atuando na pós graduação – em 1988, e orientadores de doutorado das pesquisadoras Regina Lamprecht e Carmen Matzeneauer (Hernandorena). E culmina com o I ENAL – Encontro Nacional sobre Aquisição da Linguagem e a estruturação do Centro de Estudos sobre Aquisição e Aprendizagem da Linguagem (CEAAL), como destaca Scliar-Cabral (2007). A partir daí, contróem-se os principais núcleos de estudos e pesquisas em aquisição da linguagem no Brasil. Toda uma segunda geração de pesquisadores é fomentada impulsionada pelo pioneirismo das décadas de 70 e 80.
Na Unicamp, na década de 80, liderado por De Lemos, institui-se o Projeto Aquisição da Linguagem com o envolvimento de pesquisadoras como Scarpa (Gebara), Castro, Perroni, Figueira, com o intuito de construir um grande banco de dados sobre a fala da criança no Brasil.
Além dele, outros grupos começam a se destacar com trabalhos sobre a aquisição da linguagem como o de processamento linguístico, liderado pela profa. Letícia Corrêa na UFRJ que se ramificou para PUCRJ e UFJF.
Hoje ecoa no Brasil, diversos grupos, núcleos e laboratórios de pesquisa voltadas exclusivamente para a aquisição da linguagem vêm desenvolvendo pesquisas de referência e formando uma extensa geração de pesquisadores, como o Laboratório de Aquisição da Fala e da Escrita, da UFPB, coordenado pelas profas. Marianne C. B. Cavalcante e Evangelina M. B. de Faria; o GEALIN – Grupo de Estudos em Aquisição da Linguagem, da UNESP, Araraquara, coordenado pela profa. Alessandra Del Ré; O PROAEP – Projeto de Aquisição Fonológica do Português, da UFBA, coordenado pela profa. Elizabeth Reis Teixeira; o Grupo de Estudos em Prosódia: Interfaces, Aquisição e Perda, da UNICAMP, coordenado pela profa. Ester M. Scarpa; o Estudos sobre a linguagem, coordenado pelo prof. Lourenço Chacon, da UNESP, Marília; o Escritura, Texto & Criação, coordenado pelo prof. Eduardo Calil de Oliveira, da UFAL; o NALíngua, da UNESP, Araraquara, coordenado pela profa. Alessandra Del Ré – que se constitui como uma rede de pesquisadores brasileiros envolvidos com a aquisição da linguagem oral e escrita, dentre outros grupos que existem no Brasil.
É nesse caminho, com novos estudos, que este GT propõe como OBJETIVO GERAL o diálogo entre diferentes áreas, perspectivas teóricas e Instituições do País em interação com Instituições Estrangeiras na análise do mesmo objeto de pesquisa: a linguagem da criança, seja no que se refere à oralidade, à escrita, ao imbricamento dos dois processos. Como OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1) intensificar a troca de experiências entre discentes, docentes, pesquisadores sobre o tema linguagem da criança;
2) promover e fomentar a qualidade da produção científica relacionada às reflexões sobre a linguagem da criança;
3) constituir uma amostra significativa da produção sobre a linguagem da criança e sua relação com as práticas sociais (com aquisição, ensino e aprendizagem de línguas – materna e estrangeira -, com a clínica fonoaudiológica e com as diferentes clínicas relacionadas à criança);
4) resgatar a importância a) dos estudos com corpora longitudinais, além dos experimentais; b) dos dados e análises qualitativas;
4) propiciar um espaço de diálogo entre pesquisadores de diferentes abordagens teórico-metodológicas sobre questões referentes à aquisição de línguas – nas modalidades oral, gestual e escrita – e ao processo ensino-aprendizagem de línguas, tratando dasingularidade constituída nesses processos quando envolvem crianças;
5) fomentar a diversidade teórica e metodológica para contribuir com a formação multidisciplinar e crítica dos profissionais da Educação Básica e Superior, dos profissionais liberais interessados nas práticas sociais vinculadas à infância, dos pesquisadores do campo da linguagem e dos estudantes de pós-graduação e graduação envolvidos no evento com vistas também a construção de corporas longitunais.