A Literatura, a Teologia e os Estudos Religiosos, de uma maneira geral, há muito se cotejam numa relação tensa, às vezes, extremamente solícita e, em outras, extremamente relutante. O fato é que a relação entre esses saberes existe, é profícua e reveladora de universos que só puderam ser conhecidos e discutidos porque alguns escritores e críticos literários, por um lado, e teólogos e estudiosos da religião, por outro, ousaram cruzar a ponte que separa essas áreas do conhecimento.
Abordagens da literatura de um ponto de vista filosófico, religioso ou teológico não são novas; tampouco é nova a análise das escrituras sagradas a partir de um suporte teórico-crítico peculiar aos estudos literários. Entretanto, as metodologias utilizadas tanto para abordar a obra literária pelo viés dos Estudos da Religião e Teologia, quanto para estudar os textos sagrados pelos critérios teóricos e críticos da literatura podem ser mais pesquisadas e melhor definidas.
Nesse sentido, Langenhorst (2008) afirma: ” […] surgen ahora sistemas hermenéuticos bajo una condición cada vez más obvia: en primer lugar, la literatura no debe ser manipulada y utilizada teológicamente, sino que su autonomía y su incuestionable valor propio debe ser aceptado en forma incondicional; en segundo lugar, la disputa con la literatura debe ser realmente tomada en forma dialógica, creativa y como un proceso.” O mesmo autor, baseado nas ideias de Karl-Josef Kuschel, resume em três passos um possível método de estudo de tais relações : i) concentração em interpretações textuais concretas, ou seja, análises críticas de textos literários; ii) estudo dos motivos teológicos para assegurar o resultado teológico sistemático e iii) reflexões teórico-hermenêuticas em nível metatextual do discurso científico.
(Cf. PAULA, A. C., 2010)